Pauline-Elisabeth nasceu em Paris aos 16/10/1866; recebeu da família uma sólida educação cristã e valioso patrimônio cultural, que utilizou durante toda a vida na qualidade de escritora. Casou-se com Félix Leseur, materialista e colaborador de jornais anticlericais, que tudo fez para extinguir a fé da esposa; coagiu-a a ler obras de autores racionalistas, como “Les Origines du Christianisme” e “La Vie de Jésus” de Ernest Renan.
Elisabeth, porém, percebeu a fragilidade das hipóteses de Renan e quis controlar a validade dos seus argumentos, dedicando-se intensamente ao estudo da Religião, do Evangelho e de S. Tomás de Aquino. Este aprofundamento só contribuiu para tornar mais convicta a sua vida cristã, levando-a a exercer o apostolado entre os intelectuais e incrédulos, como também a praticar obras de caridade. Muito se empenhou pela conversão de seu marido, sem o conseguir, até o momento de sua morte ocorrida em Paris aos 03/05/1914.
Tendo perdido a esposa, o viúvo descobriu o Diário deixado por ela: “Journal et Pensées pour chaque jour” (Jornal e Pensamentos para cada dia). A leitura destas notas impressionou Félix Leseur, que resolveu mudar de vida; uma vez convertido, fez-se frade dominicano e tornou-se grande propagandista das obras de sua esposa: além do journal… publicado em Paris (1917), editou “Lettres sur la Souffrance” (Cartas a respeito do Sofrimento), Paris 1918; “La Vie Spirituelle” (A Vida Espiritual) Paris 1918; “Lettres à des Incroyants” (Cartas e Incrédulos) Paris 1922.
Eis outro grande vulto feminino, que atesta quanto pode ser forte a mulher fiel a Deus e ao seu compromisso conjugal. Elisabeth deixou escrita famosa sentença, que revela o segredo do seu êxito apostólico: “Uma alma que se eleva, eleva o mundo inteiro” (2). Elevando-se em Deus no silêncio, na paciência e ano amor perseverante, ela conseguiu elevar seu marido e, com ele, muitos e muitos irmãos, pois na comunhão dos Santos o cristão se torna espiritualmente fecundo, sem mesmo poder avaliar o alcance de sua vida fiel e tenaz (Deus, porém, o vê).
Sem dúvida, seria possível arrolar muitas outras Elisabetta e Elisabeth, cuja história heróica e fecunda só Deus conhece. Possam as mulheres cristãs de nossos dias reconfortar-se com tais testemunhos e crer sempre mais no elevado preço da vida fiel a Deus e a Cristo na Santa Igreja!
Notas: (1) Nas Ordens Religiosas medievais, a Ordem Primeira è a dos frades; a Ordem Segunda é a das freiras, e a Ordem Terceira é a dos leigos e leigas, que, vivendo da espiritualidade respectiva, permanecem no mundo.
(2) Esta frase mereceu ser citada pelo S. Padre João Paulo II na sua Exortação Apostólica sobre Reconciliação e Penitência nº. 16: “Reconhecer… uma solidariedade humana tão misteriosa e imperceptível quanto real e concreta… uma faceta daquela solidariedade que, a nível religioso, se desenvolve no profundo e magnífico mistério da Comunhão dos Santos, graças à qual se pode dizer que “cada alma que se eleva, eleva o mundo”.
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